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11 de novembro de 2013

As escolhas do professor Marcelo

Boa noite Sr. Professor,

Muito me chocou a sua afirmação do dia 3 de novembro quando, mostrando a nossa revista Laços, disse "que já não é o Instituto de Odivelas, que já é integrado com o Colégio Militar".

O Instituto continua aberto, com maior número de alunas. Apesar da proibição de receber alunas do 5º ano, pelo despacho nº4785/MDN/2013 de 25 de março do ministro Aguiar Branco.

E não está integrado no Colégio Militar.

A minha indignação ainda é maior quando relembro algumas frases de um discurso proferido pelo Sr. Professor no Instituto de Odivelas:

"Como aqui foi dito, a minha mãe entrou aqui em 1929. Era órfã de pai e de mãe. De pai, porque tinha morrido pouco antes do nascimento. Da mãe porque morreu durante o parto. A irmã que tinha, tinha tido ou tinha podido ter, tinha ela própria também morrido. A avó morreu poucos meses depois. E portanto a nossa mãe ficou sem família, a não ser um tio padre, prior de Santos o Velho, mas que tinha naturalmente os condicionalismos da vida da igreja daquele tempo. 
E por isso, ela veio para este Instituto. E por isso, aqui ela percorreu o caminho da formação do ensino, que chamaríamos hoje básico e secundário, na altura primário e de alguma maneira também o secundário da época. E por assim dizer a sua família foi o instituto.O que é facto, é que aqui viemos, pelo menos eu aqui vim, mas penso que os meus irmãos também, na parte final dos anos 50 e começo dos anos 60 de cada vez que se comemorava o dia do instituto, ela cá vinha com os filhos ... E é essa lembrança que eu tenho, mais remota do instituto de Odivelas.
Tendo passado a precisamente há dois dias o primeiro aniversário da sua morte, ou logo a seguir esse passamento, a família pensou, os três filhos pensaram, que devia ser instituído um prémio com o nome dela, que é certamente o que ela, no céu, gostaria que acontecesse. E é sobretudo porque sentimos que é o nosso dever de gratidão. Por que uma quota parte fundamental da educação que recebemos, recebemo-la por mérito deste instituto. Porque foi a mesma educação que ela aqui recebeu e transmitiu à sua família." 

Nestas palavras o Sr. Professor reconhece o valor educativo da nossa escola e frequentou-a desde os anos 50! 
Como é possível que abandone tão facilmente a defesa do Instituto sem uma palavra abonatória a favor da manutenção da sua existência? 

Uma escola que:
  • presta serviço ao país pela qualidade na educação e no ensino das suas alunas, como o verificou diretamente pelo exemplo da sua Mãe, Maria das Neves Rebelo de Sousa; 
  • tem procura, pois o número de alunas tem aumentado; 
  • o preço por aluna consegue ser mais baixo do que o preconizado pela OCDE.
O nosso blog tem notícias atualizadas e contrárias à desinformação de alguns meios de comunicação social e TV.

Se a sua Mãe fosse viva, decerto lutaria pela continuidade do Instituto de Odivelas e talvez até participasse no nosso blog: blogdoio.blogspot.pt
                                                                   
onde poderá ler Instituto de Odivelas SEMPRE!

Os melhores cumprimentos,

Leonor Ornelas de Medeiros Tavares
Antiga Aluna do Instituto de Odivelas





Boa tarde, Senhor Professor!

Só hoje pude ver a referência que fez, no seu programa da TVI, à revista LAÇOS da Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas, que agradeço.

No entanto, não posso deixar de o esclarecer que o Instituto de Odivelas não está, nem nunca estará, integrado no Colégio Militar. O Instituto de Odivelas é uma escola independente do Colégio Militar. Quer o despacho de março deste ano do MDN que o IO seja encerrado no final do ano letivo 2014-2015. Se for avante este plano, contra o qual lutamos ativamente, o IO fechará, desaparecerá do mapa das escolas portuguesas.

O Colégio Militar aceita inscrições de alunas. É um outra escola. Não se trata da integração do IO no CM. São duas realidades diferentes: o enceramento e a integração. O IO morrerá, não será integrado no CM.

E se me permite, lamento profundamente que os três irmãos Rebelo de Sousa não venham à ribalta defender a escola da Mãe, que tanto lhe deu.

O Instituto de Odivelas merece ser defendido pois é uma escola de referência, de longe a melhor dos três Estabelecimentos Militares de Ensino e a que menos prejuízo dá. Encerrar o Instituto de Odivelas é misoginia pura e dura, fechando a única escola militar feminina e o único internato feminino do país. O IO é uma escola pública com ensino diferenciado onde as alunas desenvolvam o sentido do dever e da honra e os atributos de carácter, em especial a integridade moral, espírito de disciplina e noção de responsabilidade. O IO é um espaço educativo de alto nível, capaz de despertar e estimular a curiosidade científica, o espírito crítico, ideais de ação em prol da comunidade e espírito de camaradagem.

Com os melhores cumprimentos,

M. Margarida Pereira-Müller
Presidente da Direção da AAAIO