Longe dos holofotes e microfones da
comunicação social nacional decorreu há uma semana atrás a Abertura Solene do
Ano Letivo do Instituto de Odivelas (IO).
Nesta cerimónia com mais de um
século, as alunas atuais e as alunas que não podem mais frequentar o IO
receberam prémios e medalhas de mérito.
David Justino, antigo Ministro da
Educação do Governo PSD/CDS, chefiado por Durão Barroso, e atual Presidente do
Conselho Nacional de Educação referiu na ocasião que o IO é uma instituição
educativa que deve continuar a bem do interesse nacional.
O IO é uma escola com
114 anos que chegou aos nossos dias formando mulheres, filhas de militares e de
civis, não para as Forças Armadas pois em 1900 o Exército de Terra e Mar não
tinha mulheres nas suas fileiras, mas para a vida académica e para o mundo do
trabalho, promovendo a sua independência económica e a consequente emancipação
feminina.
Desde sempre que o IO sobreviveu às mudanças de regime e às crises
económicas e financeiras. Agora enfrenta a crise mais avassaladora que é a
crise de valores. O IO tem legitimidade histórica como instituição e transporta
uma carga genética que ultrapassa as fronteiras portuguesas. Milhares de
raparigas e mulheres foram formadas no IO.
Mas, as instituições políticas
e militares, irmãs mais novas, em muitos casos, do IO não o acarinham nem
incentivam. Antes ignoram, viram a cara para o lado, baixam os olhos, “têm
pena” do IO.
Esta escola, anterior à República Portuguesa, é totalmente extinta
e todos os seus elementos caracterizadores desaparecem: o projeto
educativo, o uniforme, o hino, o brasão de armas, o código de honra serão apagados
no final do ano letivo de 2015.
Estranho é esta decisão vir do atual Governo
PSD/CDS. Mas quem terá tido tal ideia peregrina?
Atenciosamente
Com os meus melhores cumprimentos
Maria Rodrigues