Quando, em Março de 2013, o Ministro Aguiar Branco assinou um despacho determinando extinguir o Instituto de Odivelas para "...potenciar o Colégio Militar como um estabelecimento militar de ensino regular de excelência...", a razão invocada para essa decisão foram os elevados custos de funcionamento.
Mentira!
Nunca foram referidos os custos individuais do Instituto de Odivelas, falou-se sempre em custos dos três EMEs. Rapidamente demonstrámos que a questão dos custos era uma falsa questão: o Instituto de Odivelas paga-se a si próprio, todos os anos devolve ao MDN parte do seu orçamento operacional e conserva um monumento do Séc. XIII sem qualquer ajuda financeira adicional.
A versão seguinte veio pela boca da Secretária Berta Cabral, revelando uma das obsessões deste MDN: estavam a fazer história, acabando com a discriminação de género nos EMEs.
Mentira!
A entrada de raparigas no Colégio Militar não justifica a extinção do Instituto de Odivelas. Todas as especialistas em assuntos de género (incluindo a consultora da ONU recentemente galardoada pela CIG, Regina Tavares da Silva) referem que está a ser cometida uma tremenda discriminação contra as raparigas, alunas e antigas alunas. Discriminação é precisamente aquilo que o MDN está a fazer, obrigando as raparigas a frequentar uma escola de rapazes. Seria impensável mandar os rapazes para Odivelas, vestidos com a farda das alunas, a cumprir os rituais das alunas. Fazer o inverso é discriminação.
Na falta de mais argumentos e para tornar a decisão irreversível, a secretária Berta Cabral apressou-se a publicar um concurso para a construção do internato feminino no campus do CM. Parece que com tanta pressa que chegou a propôr atropelar alguns prazos legais. O projecto da obra ninguém o conhece, a transparência do concurso e da adjudicação, feitos à pressa - para fazer história! - nunca foram tornados públicos, apesar de a obra ser pública e paga com dinheiros públicos. O MDN fez constar que a obra, inicialmente prevista para mais de 6,5 milhões, num gesto histórico de brilhante gestão das finaças públicas, iria ficar por meros 2,2 milhões.
Mentira!
No passado dia 15 de Janeiro, debaixo de uma chuva torrencial que não o demoveu do firme propósito de "fazer história", o ministro Aguiar e a secretária Berta estiveram no CM a "oficializar" a obra e, sem supresas, afinal o valor da obra vai ser acima dos 4,5 milhões!
Na mesma ocasião o MDN anunciou que o CM vai poder acolher alunas internas já no próximo ano lectivo.
Mentira!
A pressa justifica-se pela aproximação das eleições e pelo início das inscrições para o próximo ano lectivo. Mas o CM, que tem sido tão diligente a cumprir todas as ordens do ministro, não está muito confiante, e abriu as pré-inscrições condicionadas para o internato feminino.
O MDN fez também constar, através do DN, que pretende devolver o mosteiro à população de Odivelas.
Mentira!
A Presidente da Câmara de Odivelas, Susana Amador, declarou à TVI desconhecer este plano.
E assim continuamos, de mentira em mentira, sem que alguém (nomeadamente as chefias militares) coloque um travão ao MDN e ao disparate que ele pretende fazer. Continuamos sem saber qual é a razão para a extinção do Instituto de Odivelas, a melhor e mais barata das três escolas sob tutela do Exército. A falta de transparência de todo o processo, as mentiras transmitidas através dos órgãos de comunicação social, a falta de rigor, de moral e de ética, levam-nos a acreditar que o MDN tem já uma negociata qualquer apalavrada com "alguém" que irá ficar com as instalações do Instituto de Odivelas.
A seu tempo saberemos a verdade!