No século XXI extingue-se uma escola centenária para se “fazer História”. Tamanho paradoxo!
O IO é extinto e as suas instalações, sitas no Mosteiro de Odivelas, desde 1900, e no Forte de Santo António da Barra, desde 1915, destinar-se-ão, de acordo com a lei, à fruição da comunidade. Resta saber quem realmente irá fruir deste património histórico e educativo. Em 2015, o IO tem instalações em perfeito estado de conservação: salas de aula e multimédia, biblioteca, salas de Teatro, de Culinária, de Puericultura, de Música e Coro, camaratas, refeitórios, ginásio, piscina coberta, laboratórios, etc. O Governo de Portugal pretende extinguir uma instituição educativa com 115 anos de História. Um enorme malefício para a Educação e para a História de Portugal. Como se pode defender a valorização da História e a excelência no ensino e na aprendizagem, de acordo a lei, sendo que a mesma lei extingue o IO? Estas são questões que emergem da análise do decreto-lei 125/2015 de 7 de Julho de 2015. Acresce que o Instituto de Odivelas é um exemplo de ensino de excelência, reconhecido pela comunidade e pelo seu mais alto representante, o Presidente da República. Em França, seria impensável extinguir uma escola centenária como a Maison d' Éducation de la Légion d´Honneur. Em Inglaterra não se extinguem escolas centenárias que funcionam bem, e em nenhum país civilizado do mundo. Nenhum?
Mas estamos em Portugal. A crise, a conjuntura desfavorável, dirão uns. Outros pensam que o IO passou o prazo e validade ou tem continuidade noutras escolas ou colégios. Há alunas até “travestidas” de rapazes. Mas a vida continua!
Milhões já em negócio no Forte de Santo António, e outros que se preparam em surdina para o IO, esmagam uma instituição educativa com legitimidade histórica. Em período de final de legislatura, esses são os “valores” mais altos que rapidamente se querem transaccionar. Aos poucos, o IO foi sendo abandonado pelo poder político, pelo poder judicial, pelos apoiantes de ocasião e pelo oportunismo daqueles que vêm...e... vão.
Mas muitos são os que continuam a a lutar pela casa e pela causa.
O dia 21 de Julho de 2015 foi um dia muito triste para o IO. As alunas do 12.º ano vestiram pela última vez o seu uniforme pois terminou a 2.ª Fase dos Exames Nacionais. Quase normal para alunas finalistas que eram, mas ainda mais emocionante pois foram dignas num ano tão difícil e adverso, quão determinante para as suas vidas futuras. Para as alunas do 9.º ano, para as alunas de todos os anos da escolaridade obrigatória em Portugal está interdito um Projecto Educativo único que não é replicável, está interdita a carismática farda castanha devido à prepotência de um Poder que não respeita 115 anos de História de excelência no Ensino em Portugal.
Maria Rodrigues