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23 de novembro de 2015

As alunas do IO e as Alunas da MELH

Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa

Exmas. Senhoras Deputadas e Exmos. Senhores Deputados da Assembleia da República Portuguesa


A fotografia que apresento a V. Exas. não pode ser repetida. O Instituto de Odivelas (IO), escola fundada em 1900, foi extinta. A sua congénere francesa, fundada no século XIX por Napoleão Bonaparte em França, e que inspirou a  criação do IO - a Maison d´Éducation de la Légion d´Honneur (MELH), continua a ser uma referência central na educação francesa e é motivo de orgulho no país. Desde 1977 que existia um intercâmbio escolar e cultural entre as duas escolas. Não mais, em 2015.

O Instituto de Odivelas foi fundado pelo Rei D. Carlos e pelo Infante D. Afonso.

O Instituto de Odivelas foi uma escola de excelência, pioneira e inovadora no passado e no presente. Foi extinta.

Em Portugal há liberdade de escolha e direito de opção pelo ensino diferenciado por género em escolas privadas, financiadas pelo Estado.

O Instituto de Odivelas dava retorno financeiro ao Estado Português.

O Instituto de Odivelas funcionava no Mosteiro de S. Dinis de Odivelas. A MELH funciona no Mosteiro de Saint-Denis, nos arredores de Paris.

Porquê o desaparecimento de uma escola com 115 anos de História?


18 de novembro de 2015

Devolução do IO à população

Câmara de Odivelas pretende o uso público do Instituto de Odivelas


Encerrado desde o fim do ano letivo 2014/2015, o edifício do Mosteiro de Odivelas, onde funcionou desde 1902 o Instituto de Odivelas, pode vir a albergar uma série de serviços municipais e públicos. A Câmara de Odivelas propôs, hoje, dia 18 de novembro, em reunião de Câmara, o início de um processo negocial com os Ministérios da Defesa Nacional e das Finanças, destinado a fixar o período de tempo e as contrapartidas financeiras que permitam a utilização deste Monumento Nacional. Estrategicamente, a Cãmara pretende, desta forma, iniciar um processo de criação de uma nova zona de interesse público na cidade, centralizando uma série de Serviços Municipais da Autarquia, o Centro Interpretativo D. Dinis, uma Divisão da PSP, um Estabelecimento de Ensino e outros serviços de Interesse Público. Depois da inopinada decisão de encerramento do Instituto de Odivelas, tendo em conta o valor histórico-cultural do Mosteiro de Odivelas, Monumento Nacional e a sua localização, a CM de Odivelas espera responder assim à necessidade de solucionar este problema, devolvendo este equipamento à cidade e aos seus cidadãos.

10 de novembro de 2015

O Instituto de Odivelas, um modelo de instituição pública

O Instituto de Odivelas (IO), uma escola fundada em 1900, foi extinta na passada legislatura, pese embora os votos contra do PS, do PCP e do PEV e das declarações de voto de muitos senhores deputados do PSD e do CDS mas que votaram, mercê da disciplina de voto, a favor da extinção de uma escola com 115 anos de História e com instalações em perfeito estado de conservação. 
Muitas foram as antigas alunas que defenderam a escola junto do poder executivo, do poder legislativo e do poder judicial. Tiveram alguns apoios, mas pouco mediáticos, pois o preconceito e o desconhecimento histórico constituíram fortes barreiras em torno de uma escola que foi “de excelência”, modelar em diversas áreas e pioneira em desbravar o caminho para que a mulher em Portugal pudesse ter tido o acesso à educação e a uma profissão, já em tempo da Monarquia. 
O IO sobreviveu à I República, à ditadura e pereceu na democracia. Estranho este tempo de crise de identidade nacional e de menosprezo por instituições centenárias. Na Alemanha, o ensino diferenciado público está a ser incrementado, na França, a escola inspiradora do IO, a Maison d’Éducation de la Légion d’Honneur, fundada no século XIX, é uma referência que orgulha o país, na Inglaterra seria impensável fechar uma escola com as características do IO. Em Portugal por interesse e por preconceito, e aqui a ordem dos fatores não será arbitrária, faz-se desaparecer uma escola que tinha procura por parte de muitas famílias, e que foi liminarmente negada por decreto, que tinha um Projeto Educativo único, que era um exemplo da liberdade de escolha e do direito de opção no que ensino público diz respeito e que, pasme-se, dava retorno financeiro ao Estado. Uma vez mais, modelar.


Maria Rodrigues