Decorreram mais de 116 anos sobre a fundação do Instituto de Odivelas (IO) pelo Rei D. Carlos e pelo Infante D. Afonso.
Esta escola pública, ao serviço da educação de Portugal, foi frequentada por milhares de alunas filhas de militares e de civis, de todas as condições socioeconómicas, e foi extinta por motivos pseudo economicistas e de género. Na verdade, a questão da igualdade de género é ideológica. Não existem discriminações diariamente em escolas mistas, quer públicas, quer privadas? Acresce que o IO dava retorno financeiro ao Estado ao qual pertencia desde 1900.
Em muitos países civilizados, as escolas públicas de rapazes e/ou de raparigas são uma realidade perfeitamente normal e natural, enquadrada na liberdade de escolha e no direito de opção das famílias. Num qualquer país civilizado do mundo, os poderes públicos defenderiam uma escola pública como o IO: centenária, de “excelência” e que funcionava bem. Por que será que em países, só para nomear, como a Inglaterra ou a Alemanha, não existem pruridos relativamente à escola pública diferenciada por género? Estar-se-á perante um avanço civilizacional?
Em 2016, o Mosteiro de Odivelas encontra-se encerrado e o seu antigo cuidador, o extinto Instituto de Odivelas, tem as salas de aula, laboratórios, ginásio, piscina, anfiteatro, camaratas, refeitório... sem ninguém e sem praticamente nada. O Forte de Santo António no Estoril foi a casa de férias das alunas desde 1915. Nem o ditador Salazar, que lá veraneou, desalojou as alunas do seu espaço de férias.
Não terão sido outros os interesses a falar mais alto que levaram ao encerramento do IO? O tempo, "esse grande escultor", dará razão a quem defendeu sem preconceitos a vestusta escola. Ficará "mal na fotografia" quem atacou o IO, quem dele se esqueceu na sua agenda política, ou quem o defendeu meramente por razões de timing político, quem não o defendeu por necessidade egoísta e mesquinha de sobrevivência política ou outra.
Há dois pesos e duas medidas na defesa da escola pública, e enfim na defesa da História, nesta democracia de 42 anos. O que é pena.
Maria Rodrigues