Artigo por M.Margarida Pereira-Müller, publicado hoje no Diário de Notícias
Às antigas alunas de gerações passadas nem tal lhes passava pela cabeça, que as atuais pudessem ir para o IPE. Fui aluna do Instituto de Odivelas, tal como todas aquelas que a AAAIO representa. No Instituto de Odivelas alicerçámos os valores que nos eram transmitidos pelos nossos pais: lealdade, amor à verdade, sentido do dever e da honra, integridade moral, disciplina, responsabilidade e resiliência.Foi também no Instituto de Odivelas que aprendemos a defender os direitos da mulher. Por isso, sentimo-nos ofendidas, como mulheres do nosso tempo e como antigas alunas do Instituto de Odivelas, com o artigo de opinião da secretária de Estado da Defesa Nacional publicado aqui no Diário de Notícias sob o título "Fazer História".
O Colégio Militar e o Instituto de Odivelas são (ou foram até à data) escolas de ensino diferenciado por género. Por essa razão não conhecemos nenhuma mulher que quisesse frequentar o Colégio Militar, tal como não conhecemos nenhum homem que quisesse frequentar o Instituto de Odivelas. Terá a secretária de Estado da Defesa conhecido? Responsável pelos estabelecimentos militares de ensino, a secretária de Estado da Defesa desconhece, por completo, as culturas centenárias quer do o Instituto de Odivelas, a escola que quer fechar, quer do Colégio Militar, para onde quer transferir as alunas do primeiro. O Instituto de Odivelas é uma escola centenária, com muitas provas dadas. É uma escola de excelência que tem formado muitas mulheres pioneiras e líderes nas suas profissões. As alunas do Instituto de Odivelas querem ter acesso a um ensino diferenciado por género para assim se desenvolverem ao seu ritmo e não ao ritmo mais lento dos rapazes, pois rapazes e raparigas crescem em ritmos diferentes. O ensino diferenciado por género é um direito de opção muito útil e bem-sucedido para os perfis adequados. É para isso que a diversidade de opções de ensino é útil e salutar. Querer castrar a diversidade de opções é antiquado, ditatorial e antidemocrático.Também os interesses e a forma de olhar o mundo e a vida são diferentes.
No Instituto de Odivelas, aprende-se que os caminhos para o êxito exigem liderança, confiança, independência, integridade e um instinto para o conseguir; as alunas aprendem a conciliar vários papéis, que irão surgir durante a sua vida - no final do seu percurso, as alunas saem tecnicamente preparadas para fazer a diferença para um mundo melhor.Reconhecidos académicos como David Chadwell e Carol Gilligan, entre outros, defendem que o ensino diferenciado por género promove a igualdade de educação para as jovens porque favorece uma maior participação feminina em profissões tradicionalmente ocupadas pelos homens.
A primeira mulher que obteve um brevet militar em Portugal, Paula Costa, é uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN pretende fechar. A primeira mulher professora de engenharia em Portugal, precisamente no Instituto Superior Técnico, até aí um feudo tipicamente masculino, Isabel Gago, foi uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN quer agora fechar. A antiga diretora-geral do Planeamento de São Tomé, Dr.ª Julieta Espírito Santo, foi uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN pretende agora fechar. A presidente da Associação de Mulheres Cientistas, Amonet, e membro do board da Plataforma Europeia Mulheres Cientistas (EPWS), Ana Maria Lobo Prabakar, foi aluna do Instituto de Odivelas que o Governo agora planeia fechar. A fundadora da CGD na Alemanha, Gisele Athayde Lampe, foi aluna do Instituto de Odivelas. A primeira catedrática de matemática do Mellon College of Science da Universidade de Carnegie Mellon em Pittsburgh, nos EUA, Irene Quintanilha Coelho da Fonseca, foi aluna do Instituto de Odivelas. A lista é grande e não cabe aqui neste espaço.
O ato pretensamente libertador da mulher que o ministro da Defesa Nacional está a querer fazer ao encerrar o Instituto de Odivelas afinal é contra as mulheres. Nós éramos independentes e agora tiram-nos a independência. Bastávamo-nos a nós próprias e agora impõem-nos ficar sob jurisdição de um colégio com um modelo masculino de 200 anos. Fechar uma escola de excelência é um erro. Lembramos as palavras de Santo Agostinho quando falava sobre os três presentes. Assim, "no presente não podemos esquecer o que recebemos das gerações anteriores e devemos enriquecer o conhecimento para o transmitir às gerações futuras". Deste modo, o "ato de educar é entender a doação, o tempo, a reflexão e as mediações várias existentes".Fazer História? Se a secretária de Estado conseguir que se abram as portas dos seminários às mulheres, então, aí sim, estará a fazer história e terá, certamente, algumas antigas alunas muito agradecidas.
O Colégio Militar e o Instituto de Odivelas são (ou foram até à data) escolas de ensino diferenciado por género. Por essa razão não conhecemos nenhuma mulher que quisesse frequentar o Colégio Militar, tal como não conhecemos nenhum homem que quisesse frequentar o Instituto de Odivelas. Terá a secretária de Estado da Defesa conhecido? Responsável pelos estabelecimentos militares de ensino, a secretária de Estado da Defesa desconhece, por completo, as culturas centenárias quer do o Instituto de Odivelas, a escola que quer fechar, quer do Colégio Militar, para onde quer transferir as alunas do primeiro. O Instituto de Odivelas é uma escola centenária, com muitas provas dadas. É uma escola de excelência que tem formado muitas mulheres pioneiras e líderes nas suas profissões. As alunas do Instituto de Odivelas querem ter acesso a um ensino diferenciado por género para assim se desenvolverem ao seu ritmo e não ao ritmo mais lento dos rapazes, pois rapazes e raparigas crescem em ritmos diferentes. O ensino diferenciado por género é um direito de opção muito útil e bem-sucedido para os perfis adequados. É para isso que a diversidade de opções de ensino é útil e salutar. Querer castrar a diversidade de opções é antiquado, ditatorial e antidemocrático.Também os interesses e a forma de olhar o mundo e a vida são diferentes.
No Instituto de Odivelas, aprende-se que os caminhos para o êxito exigem liderança, confiança, independência, integridade e um instinto para o conseguir; as alunas aprendem a conciliar vários papéis, que irão surgir durante a sua vida - no final do seu percurso, as alunas saem tecnicamente preparadas para fazer a diferença para um mundo melhor.Reconhecidos académicos como David Chadwell e Carol Gilligan, entre outros, defendem que o ensino diferenciado por género promove a igualdade de educação para as jovens porque favorece uma maior participação feminina em profissões tradicionalmente ocupadas pelos homens.
A primeira mulher que obteve um brevet militar em Portugal, Paula Costa, é uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN pretende fechar. A primeira mulher professora de engenharia em Portugal, precisamente no Instituto Superior Técnico, até aí um feudo tipicamente masculino, Isabel Gago, foi uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN quer agora fechar. A antiga diretora-geral do Planeamento de São Tomé, Dr.ª Julieta Espírito Santo, foi uma antiga aluna do Instituto de Odivelas que a SEDN pretende agora fechar. A presidente da Associação de Mulheres Cientistas, Amonet, e membro do board da Plataforma Europeia Mulheres Cientistas (EPWS), Ana Maria Lobo Prabakar, foi aluna do Instituto de Odivelas que o Governo agora planeia fechar. A fundadora da CGD na Alemanha, Gisele Athayde Lampe, foi aluna do Instituto de Odivelas. A primeira catedrática de matemática do Mellon College of Science da Universidade de Carnegie Mellon em Pittsburgh, nos EUA, Irene Quintanilha Coelho da Fonseca, foi aluna do Instituto de Odivelas. A lista é grande e não cabe aqui neste espaço.
O ato pretensamente libertador da mulher que o ministro da Defesa Nacional está a querer fazer ao encerrar o Instituto de Odivelas afinal é contra as mulheres. Nós éramos independentes e agora tiram-nos a independência. Bastávamo-nos a nós próprias e agora impõem-nos ficar sob jurisdição de um colégio com um modelo masculino de 200 anos. Fechar uma escola de excelência é um erro. Lembramos as palavras de Santo Agostinho quando falava sobre os três presentes. Assim, "no presente não podemos esquecer o que recebemos das gerações anteriores e devemos enriquecer o conhecimento para o transmitir às gerações futuras". Deste modo, o "ato de educar é entender a doação, o tempo, a reflexão e as mediações várias existentes".Fazer História? Se a secretária de Estado conseguir que se abram as portas dos seminários às mulheres, então, aí sim, estará a fazer história e terá, certamente, algumas antigas alunas muito agradecidas.
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