Email enviado à Dra. Berta Cabral, Secretária de Estado da Defesa Nacional
Exma. Sra. Dra. Berta Cabral
Com o seu artigo de opinião publicado hoje no DN, mostra bem que não entendeu NADA nem o que é o feminismo nem o que é o Instituto de Odivelas. O que é uma pena uma vez que é a Secretária de Estado da Defesa Nacional e que é responsável pelos destinos do Instituto de Odivelas.
Sra. Dra. Berta Cabral, ao contrário do que diz, as mulheres NUNCA quiseram ir para o Colégio Militar. Simplesmente porque têm à sua disposição uma escola de excelência que é o Instituto de Odivelas. Simplesmente porque querem ter acesso a um ensino diferenciado por género para assim se desenvolverem ao seu ritmo e não ao ritmo mais lento dos rapazes. Todos sabemos que rapazes e raparigas crescem em ritmos diferentes. Também os interesses e forma de olhar o mundo e a vida são diferentes.
Os académicos defensores do ensino diferenciado, como David Chadwell e Carol Gilligan, entre outros, alegam que o mesmo promove a igualdade de educação para as jovens, porque favorece uma maior participação feminina em profissões tradicionalmente ocupadas pelos homens.
No entanto, num ponto, tem razão: se mantiver os seus planos de encerramento do Instituto de Odivelas estará sim a fazer História, mas aquela História negativa, que levou a nivelar o país por baixo. Fechar uma escola de excelência é um ERRO. Mas, fique na certeza, Drª Berta Cabral, que nós, Antigas Alunas e AAAAIO, iremos continuar a lutar contra o encerramento com todas as armas que tivermos ao nosso alcance.
Cumprimentos
M.Margarida Pereira-Müller
Presidente da Direção da
Associação das Antigas Alunas do Instituto de Odivelas
Carta enviada ao Director do DN
Exmo Senhor Director do DN
É impressionante a ligeireza do artigo “Fazer História”, que a Senhora Berta Cabral, Secretária de Estado Adjunta e da Defesa Nacional, publicou ontem, como convidada, no DN.
Para ela, depois de uma longa ascensão no campo de Educação, o Colégio Militar é o ultimo bastião masculino ainda não conquistado pelas mulheres. Não explica porque é que o actual Governo pretende, também, reformar profundamente o Instituto de Odivelas sem igualmente ouvir e ter em conta a opinião das antigas alunas.
Estão anunciadas obras no interior do Colégio Militar para nele instalar alunas internas. Duvido que esta seja uma reivindicação das mulheres portuguesas. Mas pergunto se não estão, também, previstas obras no Instituto de Odivelas para nele instalar uma secção de alunos internos.
Não é fácil transformar colégios internos como o CM e o IO, em colégios mistos, sobretudo quando, como é o caso no CM e penso que também no IO, a segurança durante a noite, por falta de pessoal, é assegurada pelos próprios corpos de alunos, com uma grande coesão entre si, mas em maioria menores.
Trata-se de um assunto em que o Governo devia ouvir com muito cuidado as opiniões das Associações dos antigos alunos das duas escolas.
O Colégio Militar já teve, e nada impede que volte a ter, alunos externos, como há actualmente nos Pupilos do Exército, escola que há alguns anos um governo quiz suprimir, e nada impede que esses alunos, em todas ou nalgumas disciplinas, sejam raparigas, podendo ser algumas delas alunas do Instituto Odivelas.
Num país em que o Ministério da Educação impõe a estudantes do ensino secundário de inúmeras localidades deslocarem-se diariamente dezenas de quilómetros para terem as aulas em agrupamentos escolares, é com certeza mais barato comprar um autocarro para os alunos das duas instituições se deslocarem de uma para outra em vez de fazer obras no seu interior para as tornar mistas.
As Associações de Antigos Alunos do CM, do IO não recusam a evolução, receiam, sim, medidas intempestivas e mal pensadas que põem em em causa o futuro das instituições.
A impressão com que fico é que a Senhora Secretária de Estado conhece muito mal as instituições sobre as quais vai, eventualmente, tomar decisões. E, sobretudo, não se apercebeu de que a motivação central dos que hoje defendem o Colégio Militar, o Instituto de Odivelas, os Pupilos do Exército, e nem todos são seus antigos alunos, é saberem que estas escolas são importantes para o país.
Este tem sido o motivo de orgulho dos seus alunos ao longo dos anos.
Mas, uma vez que a Senhora Secretária de Estado deu ao seu texto o título: “Fazer história”, permito-me relembrar um facto. Durante o salazarismo, a única escola secundária estatal que nunca pertenceu à Mocidade Portuguesa foi o Colégio Militar. Nunca no seu edifício fosse hasteada a bandeira da Mocidade Portuguesa. E quando o Batalhão colegial desfilavam na Avenida com a sua bandeira tinha também orgulho em transmitir à população a mensagem: nós não somos da Mocidade.
Por isso o CM, para além da solidariedade e os seus alunos receberem uma formação com o objectivo central de serem uteis ao seu país, foi também uma escola de Liberdade.
António Brotas
Antigo aluno do Colégio Militar onde entrou em 1940
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