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5 de setembro de 2013

Não matem o Colegio Militar


Leia aqui o artigo de opinião de Paulo Gaião no Expresso a 5 de setembro de 2013.



Comentário ao artigo por uma antiga aluna do Instituto de Odivelas:

Paulo, 
Li o seu artigo no Expresso de 5/09 e fiquei indecisa: A sua literatura de cabeceira é o último artigo de Berta Cabral no Correio da Manhã ou a saga do Harry Potter de J. K. Rowling? Manuais de História de Portugal não são de certeza porque esqueceu Maria de Lourdes Pintassilgo, quando diz que nunca houve uma mulher na chefia de nenhum Governo Constitucional. 
Lembrei-me de Berta Cabral porque também ela veio esta semana, num jornal, aplaudir o Ministério da Defesa (e a si própria, pois com certeza), por causa desta tomada de posição em relação ao Colégio Militar, e consequentemente ao Instituto de Odivelas. Seguia a mesma linha de raciocínio paternalista do Paulo. 
Por outro lado, pensei em J. K. Rowling, dado que Hogwarts é o único internato misto que conheço – um local aprazível onde Potter e Hermione fazem imensa magia.


Paulo, frequentei o Instituto de Odivelas, e francamente nunca lá vi nenhum homem. No meu tempo nem sequer nos cargos cimeiros, imagine. Ah! Espere, havia um capelão. Provavelmente com a ajuda deste Ministério da Defesa podia esperar lá encontrar uma ‘capeloa’.
Conheci pessoalmente uma aluna chamada Paula Costa (confirmo, era do género feminino) e, pasme-se, foi a primeira mulher piloto da Força Aérea. Não andou no Colégio Militar. Andou no Instituto de Odivelas e mesmo assim, veja bem, que sem a ajuda do Governo conseguiu tamanho feito de desbravar terrenos habitualmente do domínio dos homens.
Mas nada disto tem muita importância, sabe? Aquilo que terá mais importância é o seguinte:

- Alguém pediu alguma coisa ao Ministério da Defesa?
- O Paulo conhece pessoalmente alguma menina que, antes de 2013, tenha chorado baba e ranho, por lhe estar vedada a entrada no Colégio Militar?
- Já agora: conhece, porventura, algum homem que tenha considerado discriminação sexista o facto de não existirem rapazes no Instituto de Odivelas?
- O Paulo já leu sobre as vantagens do ensino diferenciado por género, defendidas por exemplo por David Chadwell e Carol Gilligan?
- O Paulo tem a certeza absoluta que o ensino misto conduz a igualdade de oportunidades? Ou consegue ponderar a hipótese de que seja precisamente o ensino diferenciado por género que promove e potencia a exploração das valências de cada um dos indivíduos (independentemente do género).
- O Paulo consegue também ponderar a hipótese de que um Estado é mais democrático se providenciar opções de escolha em termos de ensino (misto ou diferenciado) para que cada um possa escolher o modelo mais adequado ao seu perfil - (Frequentei ambos. No meu caso o modelo misto fez mais sentido; conheci de perto inúmeros rapazes e raparigas a quem sucedeu precisamente o contrário).

Paulo, o que se segue neste paternalismo e “queima de boxers” em defesa das mulheres, essas vítimas desprotegidas? Não me diga que em breve vamos ver por aí homens a carregar crianças no ventre para nos aliviar a carga?

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