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15 de março de 2014

As forças armadas estão serenas, mas não estão submissas

Cerca de 10 mil Militares no activo e na reforma partiram do Largo Camões, em Lisboa, em direcção ao Parlamento num desfile de protesto contra o corte de rendimentos e pensões.
O silêncio da manifestação só foi quebrado pelas alunas do Instituto de Odivelas, que entoaram o seu hino em protesto contra o anunciado encerramento do IO.




1 comentário:

  1. Primeiro levaram os comunistas,
    Mas eu não me importei
    Porque não era nada comigo.
    Em seguida levaram alguns operários,
    Mas a mim não me afectou
    Porque eu não sou operário.
    Depois prenderam os sindicalistas,
    Mas eu não me incomodei
    Porque nunca fui sindicalista.
    Logo a seguir chegou a vez
    De alguns padres, mas como
    Nunca fui religioso, também não liguei.
    Agora levaram-me a mim
    E quando percebi,
    Já era tarde.

    Dizem que é do Bertolt Brecht. Eu não sei se
    é, mas seja de quem for, faz-me sentido.



    O IO é a melhor das três Casas, mas é a mais frágil porque é uma escola feminina e há entendidos e doutos que pensam que se trata de um anacronismo. Em Portugal toda a instituição que tiver cem anos é e deve ser considerado anacrónica. Se é única deve ser considerado errada. Se as nossas convicções e razões pessoais - algumas bem íntimas... - não estiverem em linha com algo, o que fazemos, por ser eficaz, é classificar com algum epíteto, chavão, apodo, marca, a realidade, vendendo-a como algo diferente do que é, e seguir em frente ufanos, jactantes, toleirões, convencendo que se trata de uma visão nova, moderna, revolucionária, interessante do mundo e que ele estará certo apenas se estiver de acordo com o que pensamos.

    Somos assim. Somos a geração dos paradigmas. Na verdade, qualquer otário comentador de futebol encontra mudanças de paradigma nos treinadores que entram e saem dos clubes. Somos presunçosos. Temos de nós mesmos uma concepção enfolada, inchada, esticada, lustrosa.

    O IO até pode acabar, mas a seguir, se ele acabar, o IPE não terá condições, nem desculpa, para se manter na jangada, contra a corrente dos interesses. Depois é só atirar ao ar os confetti da festa da modernidade, da evolução, da mudança, da melhoria da eficiência para uma eficácia semelhante, do acompanhar o devir da História... etc, etc... Os mesmos que têm defendido tudo o resto defenderão também isto, intimamente, e apanharão os papelinhos do chão, de rabinho para o ar.

    Fechar o IO será exemplar. É a primeira pedra do dominó. Cairá para o lado do CM. O IPE também há-de cair, em contrabalanço. As duas, caídas, suportarão o CM. Dar-lhe-ão massa crítica, dar-lhe-ão razão de existir. Depois, mais tarde, deverá ser vendido a um ou ou mais "privados" que farão uma - claro, a lógica de uns não é a lógica de outros, mas os resultados concorrem para o mesmo ponto - melhor gestão do património (nesse tempo já se escreverá patrimônio, provavelmente), dos recursos humanos e dos alunos. Parece-me que não será necessário mais que a duração de uma legislatura e muitos dos que poderiam ter estado nesta e noutras iniciativas dirão em voz alta, se para tanto tiverem coragem, ou pensarão na sua intimidadezinha bem comportadinha, "se eu tivesse sabido..."

    Chove a cântaros, todos estamos de acordo, e não há forma de ir daqui até ali sem nos molharmos. Os passivos, os cordatos, os apresentáveis, os comportados, não fazem História, fazem montras.

    Eu, pelo sim, pelo não, estive nesta e em todas as iniciativas anteriores. Não quero, um dia, dizer um mole, caído, mirrado, murcho, "se eu tivesse sabido..."
    Prefiro dizer "fiz o que pude!"

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